A música NO do BTS é um dos primeiros grandes manifestos do grupo contra a pressão da sociedade sobre os jovens. Lançada em 2013 como parte do álbum O!RUL8,2?, essa faixa mostra desde cedo a identidade do BTS: letras que falam sobre problemas reais, sem medo de questionar o status quo.
Na época, o BTS ainda estava no começo da carreira, tentando se destacar em uma indústria dominada por grupos com conceitos mais leves e comerciais. Mas, em vez de seguir o caminho óbvio, o grupo decidiu falar sobre algo que muitos adolescentes sentiam, mas poucos artistas abordavam: o peso de uma sociedade que cobra sucesso a qualquer custo.
O álbum O!RUL8,2? (lê-se “Oh! Are you late, too?”) foi o segundo lançamento do BTS e reforçou a mensagem que o grupo já havia introduzido no debut com No More Dream. A diferença: se antes o BTS perguntava “qual é o seu sonho?”, em N.O, a resposta parece ainda mais revoltante: “não temos tempo para sonhar”.
Com um instrumental poderoso e um refrão marcante que grita um sonoro “Everybody say NO”, a música critica a pressão para seguir padrões impostos, como estudar sem parar, tirar notas perfeitas e conquistar um futuro “ideal” – tudo isso sem espaço para escolhas próprias. Essa abordagem corajosa ajudou a moldar a imagem do BTS como um grupo que não apenas canta, mas também provoca reflexão.
Letra de “N.O” do BTS + Tradução e Pronúncia
좋은 집 (좋은 집)
Casa boa, casa boa
Tchô-un jip, tchô-un jip
좋은 차 (좋은 차)
Carro bom, carro bom
Tchô-un tcha, tchô-un tcha
그런 게 행복일 수 있을까? (있을까)
Será que isso pode ser felicidade?
Kû-rôn gê heng-bok-il su i-sul-kka?
In Seoul (in Seoul)
Em Seul, em Seul
In soul, in soul
To the SKY (to the SKY)
Para o céu, para o céu
Tu dê skai, tu dê skai
부모님은 정말 행복해질까? (해질까)
Será que nossos pais vão realmente ser felizes?
Pu-mo-ni-mun tchông-mal heng-bok-he-jil-kka?
—
꿈 없어졌지 숨쉴 틈도 없이
Os sonhos desapareceram, sem nem ter espaço para respirar
Kum ôp-ssô-jyôt-ji sum-shwil tîm-do ôp-ssi
학교와 집 아니면
Se não for escola ou casa
Hak-kyo-wa jip a-ni-myon
피씨방이 다인 쳇바퀴
O resto se resume a lan house e uma rotina sem fim
Pi-ssi-bang-i ta-in chêt-pa-kwi
같은 삶들을 살며
Vivendo a mesma vida de sempre
Ka-tûn salm-dû-rûl sal-myô
일등을 강요
Sendo forçados a ser os melhores
Il-tûng-ûl kang-yo
받는 학생은 꿈과
Os estudantes pressionados entre os sonhos
Pat-nûn hak-seng-ûn kum-gwa
현실 사이의 이중간첩
E a realidade se tornam agentes duplos
Hyôn-shil sa-i-e i-jung-gan-chôp
—
우릴 공부하는 기계로
Quem nos transformou em máquinas de estudar?
U-ril kong-bu-ha-nûn ki-gye-ro
만든 건 누구?
Quem foi que fez isso?
Man-dûn gôn nu-gu?
일등이 아니면 낙오로 구분
Se não for o primeiro, é descartado
Il-tûng-i a-ni-myon na-go-ro ku-bun
짓게 만든 건 틀에 가둔 건
Quem impôs essa regra, quem nos prendeu nesse molde?
Jit-ge man-dûn gôn tû-re ka-dun gôn
어른이란 걸 쉽게 수긍
Os adultos dizem que é assim e pronto
O-rûn-i-ran gôl swip-ge su-gûng
할 수밖에 단순하게
Não temos escolha, simplesmente aceitamos
Hal su-bak-ke tan-sun-ha-ge
생각해도 약육강식 아래
Mesmo sem pensar muito, é a lei do mais forte
Saeng-gak-hae-do yak-yuk-kang-shik a-re
친한 친구도 밟고 올라서게
Até pisamos em amigos para subir
Chi-nan chin-gu-do palp-ko ol-la-sô-ge
만든 게 누구라 생각해 what?
Quem fez isso acontecer, você já parou pra pensar? O quê?
Man-dûn ge nu-gu-ra saeng-gak-hae uát?
—
어른들은 내게 말하지
Os adultos me dizem
O-rûn-dû-rûn nae-ge mal-ha-ji
힘든 건 지금뿐이라고
Que essa fase difícil é só agora
Him-dûn gôn ji-gûm-ppun-i-ra-go
조금 더 참으라고 나중에 하라고
Que é só aguentar mais um pouco, que posso viver depois
Jo-gûm do cha-mû-ra-go na-jung-e ha-ra-go
—
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
더는 나중이란 말로 안돼
Não dá mais para aceitar o “depois”
Tô-nûn na-jung-i-ran mal-lo an-doe
더는 남의 꿈에 갇혀 살지 마
Não viva preso ao sonho dos outros
Tô-nûn na-mê kkum-e kat-hyô sal-ji ma
We roll (We roll)
Nós seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol)
We roll (We roll) We roll
Seguimos, seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol) wi rol
—
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
정말 지금이 아니면 안돼
Se não for agora, então quando?
Jông-mal ji-gûm-i a-ni-myon an-doe
아직 아무것도 해본 게 없잖아
Ainda nem tentamos nada
A-jik a-mu-gôt-do hae-bon ge ôp-ja-na
We roll (We roll)
Nós seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol)
We roll (We roll) We roll
Seguimos, seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol) wi rol
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
—
좋은 집 (좋은 집)
Casa boa, casa boa
Tchô-un jip, tchô-un jip
좋은 차 (좋은 차)
Carro bom, carro bom
Tchô-un tcha, tchô-un tcha
그런 게 행복일 수 있을까? (있을까)
Será que isso pode ser felicidade?
Kû-rôn gê heng-bok-il su i-sul-kka?
In Seoul (in Seoul)
Em Seul, em Seul
In soul, in soul
To the SKY (to the SKY)
Para o céu, para o céu
Tu dê skai, tu dê skai
부모님은 정말 행복해질까? (해질까)
Será que nossos pais vão realmente ser felizes?
Pu-mo-ni-mun tchông-mal heng-bok-he-jil-kka?
—
놀고 먹고 싶어
Quero brincar, quero descansar
Nol-go mŏk-ko shi-pŏ
교복 찢고 싶어
Quero rasgar esse uniforme escolar
Kyo-bok tchit-ko shi-pŏ
Make money good money
Ganhar dinheiro, muito dinheiro
Meik mâ-ni, gud mâ-ni
벌써 삐딱한 시선
Já me olham torto por isso
Pŏl-ssŏ ppi-ttak-han shi-sŏn
막연함뿐인 통장,
Minha conta bancária só tem incerteza
Mak-yŏn-ham-ppun-in tong-jang
내 불행은 한도초과지
Minha infelicidade já ultrapassou o limite
Nae bu-rhaeng-ŭn han-do-cho-gwa-ji
공부하는 한숨 공장,
Uma fábrica de suspiros de cansaço enquanto estudo
Kong-bu-ha-nŭn han-sum kong-jang
계속되는 돌려막기
Sempre tapando um buraco com outro
Kye-sok-dwe-nŭn tol-ryŏ-mak-gi
—
어른들이 하는 고백
Os adultos confessam
Ŏ-rŭn-dŭ-rhi ha-nŭn go-baek
너넨 참 편한 거래
Que nós temos uma vida fácil
Nŏ-nen cham pyŏn-han kŏ-re
분에 넘치게 행복한 거래
Que nossa felicidade é um privilégio
Pun-e nŏm-chi-ge heng-bok-han kŏ-re
그럼 이렇게도 불행한 나는 뭔데
Então por que eu me sinto tão infeliz?
Kŭ-rŏm i-rŏ-ke-do bu-rhaeng-han na-nŭn mwŏn-de?
공부 외엔 대화주제가 없어
Fora os estudos, não temos outro assunto
Kong-bu oe-en tae-hwa-ju-je-ga ŏp-sŏ
밖엔 나 같은 애가 넘쳐
Lá fora, tem um monte de gente como eu
Pak-en na ka-tŭn ae-ga nŏm-chyŏ
똑같은 꼭두각시 인생
Uma vida de marionete, igual para todos
Ttok-ka-tŭn kkok-tu-gak-shi in-saeng
도대체 누가 책임져줘?
No fim das contas, quem assume a responsabilidade?
To-dae-che nu-ga chae-gim-jyŏ-jwŏ?
—
어른들은 내게 말하지
Os adultos me dizem
O-rûn-dû-rûn nae-ge mal-ha-ji
힘든 건 지금뿐이라고
Que essa fase difícil é só agora
Him-dûn gôn ji-gûm-ppun-i-ra-go
조금 더 참으라고 나중에 하라고
Que é só aguentar mais um pouco, que posso viver depois
Jo-gûm do cha-mû-ra-go na-jung-e ha-ra-go
—
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
더는 나중이란 말로 안돼
Não dá mais para aceitar o “depois”
Tô-nûn na-jung-i-ran mal-lo an-doe
더는 남의 꿈에 갇혀 살지 마
Não viva preso ao sonho dos outros
Tô-nûn na-mê kkum-e kat-hyô sal-ji ma
We roll (We roll)
Nós seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol)
We roll (We roll) We roll
Seguimos, seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol) wi rol
—
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
정말 지금이 아니면 안돼
Se não for agora, então quando?
Jông-mal ji-gûm-i a-ni-myon an-doe
아직 아무것도 해본 게 없잖아
Ainda nem tentamos nada
A-jik a-mu-gôt-do hae-bon ge ôp-ja-na
We roll (We roll)
Nós seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol)
We roll (We roll) We roll
Seguimos, seguimos, seguimos
Wi rol (wi rol) wi rol
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
—
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
Everybody say NO!
Todo mundo diga NÃO!
E-ve-ri-ba-di sei nou!
O impacto da música NO do BTS e seu papel no álbum O!RUL8,2?
A música NO do BTS foi a faixa-título do segundo álbum do grupo, O!RUL8,2?, lançado em setembro de 2013. Com uma batida intensa e um instrumental carregado de energia, a música trouxe uma crítica direta ao sistema educacional e à pressão que os jovens sofrem para seguir padrões impostos pela sociedade. Se o BTS já havia começado a questionar esses temas em No More Dream, aqui eles foram ainda mais longe, transformando a indignação em um verdadeiro grito de protesto.
Apesar da força da mensagem e da performance impactante, NO não teve a recepção que o grupo esperava. O próprio J-Hope, no livro Beyond The Story, relembrou que, depois do sucesso das primeiras apresentações com No More Dream e We Are Bulletproof Pt.2, eles estavam confiantes. Mas, quando NO foi lançada, parecia que tudo estava desmoronando. O público não se conectou da mesma forma e o BTS viu seu crescimento dar uma desacelerada.
Isso não significa que a música não tenha sido importante. Muito pelo contrário. NO foi um dos primeiros exemplos de como o BTS queria falar sobre questões reais, algo que se tornaria uma das marcas do grupo ao longo dos anos. Eles não estavam apenas performando uma coreografia impecável em cima de um beat poderoso – eles estavam passando uma mensagem.
Dentro do conceito do álbum O!RUL8,2?, NO se encaixa perfeitamente. O álbum fala sobre a frustração de quem sente que perdeu tempo seguindo regras sem sentido.
Mesmo que NO tenha ficado abaixo das expectativas comerciais, o BTS não se deixou abalar. Eles continuaram, e pouco depois lançaram Attack on Bangtan, que ajudou a reacender o entusiasmo pelo grupo. Como o próprio J-hope lembrou, desistir nunca foi uma opção. NO pode não ter sido um hit imediato, mas se tornou uma das músicas mais simbólicas da fase inicial do BTS, representando a essência rebelde e questionadora que sempre fez parte da identidade do grupo.
Análise da música NO do BTS: um grito contra a pressão da sociedade
A música NO do BTS vai além de uma simples crítica ao sistema educacional – ela é um verdadeiro manifesto contra a pressão social que sufoca os jovens. Com letras diretas e um instrumental intenso, a faixa questiona os padrões de sucesso, a competição extrema e a falta de liberdade para escolher o próprio caminho. Nesta análise, vamos explorar verso por verso e entender como o BTS transformou essa indignação em um dos primeiros grandes gritos de resistência de sua carreira.
O verdadeiro significado do sucesso
“Casa boa, casa boa
Carro bom, carro bom
Será que isso pode ser felicidade?”
O início da música NO do BTS já deixa claro o tom de questionamento. O que realmente significa ter sucesso? Desde pequenos, somos ensinados que uma vida confortável, com uma casa grande e um carro caro, é sinônimo de felicidade. Mas será que bens materiais bastam para nos fazer felizes?
O BTS joga essa pergunta no ar, colocando em xeque um dos principais valores da sociedade moderna: trabalhar incansavelmente para acumular dinheiro e status. A crítica aqui é direta – a busca pelo sucesso financeiro muitas vezes vem à custa da saúde mental e dos próprios sonhos.
Essa reflexão aparece em outras músicas do grupo, como Paradise, onde eles reforçam que não há problema em não ter um grande sonho, e Baepsae (Silver Spoon), que critica a desigualdade entre gerações.
O peso das expectativas familiares
“Em Seul, em Seul
Para o céu, para o céu
Será que nossos pais são realmente ser felizes?”
Neste trecho, o BTS toca em um ponto delicado: até que ponto os jovens estão vivendo para si mesmos e não para agradar seus pais? Em muitas culturas, especialmente na Coreia do Sul, há uma grande pressão para que os filhos tenham carreiras prestigiadas, entrem nas melhores universidades e garantam estabilidade financeira.
Mas será que essa busca incessante pelo sucesso é realmente um desejo do jovem ou apenas uma tentativa de retribuir os sacrifícios feitos pelos pais? O BTS levanta essa dúvida, mostrando que, no fim das contas, nem sempre alcançar o “ideal de vida” significa felicidade para todos os envolvidos.
Um ciclo de estudos sem fim
“Os sonhos desapareceram, sem nem ter espaço para respirar
Se não for escola ou casa
O resto se resume a lan house e uma rotina sem fim”
Aqui, a música NO do BTS escancara a realidade de muitos estudantes, principalmente na Coreia do Sul, onde a carga de estudos é extremamente pesada. O que deveria ser uma fase de descobertas e crescimento pessoal acaba se tornando um ciclo exaustivo de provas, aulas extras e expectativas irreais.
O grupo aponta como o sistema educacional pode matar os sonhos dos jovens, transformando-os em máquinas de memorizar informações em vez de incentivá-los a buscar o que realmente os faz felizes. Esse sentimento também aparece em Tomorrow, onde o BTS fala sobre o desespero de quem segue essa rotina sem saber para onde está indo.
Música NO do BTS, a pressão para ser o melhor – e a exclusão de quem não consegue
“Vivendo a mesma vida de sempre
Sendo forçados a ser os melhores
Os estudantes pressionados entre os sonhos
E a realidade se tornam agentes duplos”
Esse trecho reforça um problema comum: o sistema cria um padrão de excelência inalcançável, onde apenas os primeiros lugares são valorizados. Se você não estiver no topo, é considerado um fracasso.
Mas nem todo mundo pode ou quer seguir esse caminho. E aí surge um dilema: será que vale a pena desistir dos próprios sonhos para se encaixar em um sistema que não valoriza a individualidade? O BTS sugere que essa pressão transforma os jovens em “agentes duplos” – divididos entre o que realmente desejam e o que são obrigados a fazer.
O sistema que nos transforma em robôs
“Quem nos transformou em máquinas de estudar?
Quem foi que fez isso?
Se não for o primeiro, é descartado
Quem impôs essa regra, quem nos prendeu nesse molde?”
Aqui, o BTS escancara a rigidez do sistema educacional e profissional. Desde cedo, os jovens são treinados para competir, memorizar, obedecer. Não há espaço para criatividade ou questionamentos – o importante é seguir as regras e vencer a todo custo.
O trecho “Se não for o primeiro, é descartado” resume bem essa lógica cruel. O BTS questiona: por que apenas os melhores são valorizados? Por que aqueles que não se encaixam nesse modelo são considerados fracassados?
Essa crítica também aparece em Spine Breaker, onde o grupo fala sobre como os jovens são forçados a se adequar a padrões impostos pela sociedade, mesmo quando não concordam com eles.
A ilusão de que tudo melhora com o tempo
“Os adultos me dizem
Que essa fase difícil é só agora
Que é só aguentar mais um pouco,
Que posso viver depois”
Essa parte da música NO do BTS expõe uma ideia perigosa que muitos jovens escutam: “aguentem agora, porque o futuro será melhor”. Mas será que realmente vale a pena viver anos de sofrimento na esperança de um dia, talvez, encontrar felicidade?
O BTS confronta essa mentalidade, sugerindo que se não lutarmos por mudanças agora, a vida continuará sendo um ciclo de sacrifícios e promessas vazias. Essa mesma ideia aparece em So What, onde o grupo incentiva as pessoas a deixarem de lado o medo e viverem o presente.
A música NO do BTS e o grito de resistência: “Everybody say NO!”
“Todo mundo diga NÃO!
Não dá mais para aceitar o ‘depois’
Não viva preso ao sonho dos outros”
Esse é o ponto alto da música. O refrão não é apenas uma frase de efeito – é um chamado à ação. O BTS incentiva os jovens a questionarem as regras impostas e se libertarem da obrigação de viver de acordo com as expectativas alheias.
A ideia de se rebelar contra padrões injustos aparece em diversas outras músicas do grupo, como Fire, que fala sobre se desprender das preocupações, e Dope, onde o BTS afirma que seu sucesso veio por desafiar o sistema, não por segui-lo cegamente.
O cansaço de uma geração inteira
“Quero brincar, quero descansar
Quero rasgar esse uniforme escolar”
Aqui, a frustração chega ao limite. O BTS expressa o desejo simples, mas muitas vezes inalcançável, de simplesmente viver sem estar sempre sob pressão.
A música reforça que os jovens não deveriam ser tratados como máquinas de estudo e trabalho, mas sim como pessoas com direito ao lazer, ao descanso e à felicidade.
O dilema: será que estamos realmente felizes?
“Os adultos confessam
Que nós temos uma vida fácil
Que nossa felicidade é um privilégio
Então por que eu me sinto tão infeliz?”
Muitos jovens ouvem que não têm motivo para reclamar, que têm uma vida boa e fácil. Mas se tudo é tão bom, por que tantos se sentem exaustos e infelizes?
Esse questionamento mostra que o problema não está na geração jovem, mas sim no sistema que a oprime.
A grande pergunta: se não for agora, então quando?
“Se não for agora, então quando?
Ainda nem tentamos nada”
O BTS finaliza a mensagem de NO com uma pergunta forte: se não começarmos a mudar agora, quando isso vai acontecer?
Essa é a essência da música NO do BTS: um alerta para que os jovens parem de aceitar regras injustas e comecem a lutar por uma vida que realmente faça sentido para eles.
Análise do MV da música NO do BTS: uma metáfora sobre controle e liberdade
O MV de NO do BTS traduz visualmente a mensagem da música, criando um cenário distópico que representa a opressão da sociedade sobre os jovens. Com uma estética altamente simbólica, o clipe mistura elementos de autoritarismo, conformidade e rebelião, mostrando o BTS lutando para quebrar as regras impostas.
O cenário inicial: uma escola ou uma prisão?
A primeira cena do MV já deixa claro o conceito da narrativa. Os membros do BTS aparecem em um ambiente completamente branco e estéril, quase cirúrgico, sentados em carteiras escolares. Eles vestem uniformes pretos e mantêm uma postura rígida, como se fossem soldados obedecendo ordens.
No fundo da sala, há um grande espelho escuro, que remete aos espelhos de salas de interrogatório. Isso sugere que eles estão sendo constantemente vigiados, uma metáfora para a pressão da sociedade e do sistema educacional.
O “professor”, vestido de branco com um retângulo vermelho ao redor dos olhos, reforça a ideia de controle e autoritarismo. Ele não é apenas um mestre, mas um símbolo da opressão, enquanto os guardas ao seu lado, com trajes militares e cacetetes nas mãos, representam a força que mantém os alunos submissos.
A pílula vermelha e a perda da individualidade
Cada membro do BTS recebe uma pílula vermelha e a engole sem questionar. Esse detalhe carrega uma forte simbologia: a padronização dos jovens dentro do sistema. Eles não têm escolha – apenas seguem as regras impostas.
A cor vermelha da pílula pode remeter à famosa referência de Matrix, onde a escolha entre a pílula azul (ilusão) e a vermelha (realidade) define o destino do personagem. No caso do MV, a pílula vermelha não oferece liberdade, mas sim a submissão total ao sistema.
A dança e os diferentes cenários: luta interna e despertar
Ao longo do MV, o BTS aparece em diferentes espaços, como:
- A sala branca e estéril, onde obedecem mecanicamente.
- Um cenário vermelho e branco, com tecidos entrelaçados ao fundo.
- O mesmo cenário totalmente branco, onde dançam com roupas brancas.
Essas mudanças visuais indicam a transformação interna dos personagens. O vermelho simboliza opressão, raiva e luta, enquanto o branco pode representar conformidade, mas também pureza e libertação.
A coreografia também reflete essa jornada. No início, na “sala de aula” os movimentos são sincronizados e rígidos, mas conforme a música avança, há a alternância com a coreografia, com movimentos mais expressivos e por vezes caóticos – uma metáfora para o despertar da consciência e a quebra das regras.
Jungkook: o primeiro a questionar o sistema
O MV sugere que Jungkook é o primeiro a perceber que há algo errado. Em um momento, ele começa a olhar para os lados, inquieto, mas logo é repreendido pelo professor.
Seus movimentos inquietos mostram o início da resistência. Pouco depois, ele se levanta e vira sua cadeira, dando o primeiro passo para a rebelião contra a autoridade.
Esse ato encoraja os outros membros, que gradualmente começam a reagir. Essa sequência simboliza um efeito dominó: basta que um questione o sistema para que outros sigam o mesmo caminho.
A revolução: o caos toma conta da sala
Com a revolta iniciada, os membros derrubam cadeiras, viram mesas e atacam os guardas, criando um cenário de resistência. Esse momento simboliza a libertação da opressão e a recusa em seguir ordens cegamente.
As paredes da sala começam a trincar e explodir, reforçando a ideia de que o sistema não é inquebrável. Essa cena sugere que, quando os jovens se unem contra as imposições injustas, eles podem derrubar até as estruturas mais rígidas.
Enquanto isso, o “professor”, antes autoritário, aparece escondido e amedrontado. Ele perde o controle, demonstrando que os opressores só têm poder enquanto os oprimidos continuam obedecendo.
A escadaria branca: a liberdade está próxima?
Após a destruição da sala, o BTS aparece no topo de uma grande escadaria branca, cercado por músicos tocando violinos. Esse cenário passa uma sensação de transcendência e libertação.
Eles descem as escadas enquanto cantam, simbolizando que finalmente conquistaram o direito de escolher seu próprio caminho. No entanto, a cor branca e o ambiente extremamente simétrico sugerem que essa liberdade pode não ser total, e que o sistema continua tentando moldá-los de outra forma.
O deserto e as mãos gigantes: uma luta contra o destino
O cenário final do MV de NO do BTS mostra os membros em um solo arenoso claro, cercados por mãos gigantes de concreto emergindo do chão. Essas mãos podem representar as forças invisíveis que tentam controlar suas vidas, como a sociedade, a escola e as expectativas externas.
Nesse ponto, os guardas de branco retornam e cercam o grupo, como se fossem capturá-los. No entanto, ao invés de atacá-los, eles se juntam à coreografia, como se a luta tivesse se transformado em uma dança.
Isso pode indicar que o sistema sempre tentará absorver qualquer forma de resistência, transformando-a em algo aceitável para manter o controle. Mas o BTS não se rende: Jimin realiza um movimento de dança como se estivesse chutando o ar, e os guardas são lançados para longe, derrotados de vez.
Esse momento reforça a mensagem da música: o verdadeiro poder está em quem resiste e luta por sua própria liberdade.
O impacto duradouro de NO do BTS e sua mensagem para a juventude
A música NO do BTS pode não ter sido um grande sucesso comercial na época do lançamento, mas seu impacto foi enorme na construção da identidade do grupo. Foi uma das grandes músicas em que o BTS se posicionou de forma crítica, falando sobre um problema real enfrentado por muitos jovens: a pressão para seguir um caminho imposto pela sociedade, sem espaço para sonhos próprios.
Com o tempo, essa abordagem se tornou uma das marcas registradas do BTS. NO abriu caminho para diversas outras músicas com críticas sociais, como Baepsae, Dope e Paradise.
Mesmo depois de tantos anos, a mensagem de NO continua atual. A sociedade ainda impõe padrões, a competição ainda é cruel, e muitos jovens ainda sentem que estão presos em um sistema que não lhes dá opções. Mas, como a música ensina, dizer “não” a isso é o primeiro passo para conquistar a própria liberdade.
E para você, qual é o impacto de NO do BTS na sua vida? Você já se sentiu preso a um sistema que não te deixa escolher seu próprio caminho?
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